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Homenagens às mulheres seguem com o perfil da médica veterinária Clara Vaz
21/03/2022

A terceira semana de homenagens do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-RS) às médicas veterinárias e zootecnistas, pelo mês da mulher, segue com o perfil da médica veterinária Clara Vaz. “Sou filha de produtores rurais, desde criança tive um comportamento distinto em relação aos animais domésticos e silvestres. Quando optei pela formação veterinária, houve um descontentamento na família, pois seria uma profissão masculina”, afirma.


Mesmo assim, ela persistiu e, em 1973 se graduou médica veterinária pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). “Fui a única mulher a acompanhar a turma inicial de 82  homens”. Ela conta que, foi aprovada no concurso da Embrapa Pecuária de Corte, de Bagé. “Fui a primeira bageense a exercer a profissão e assim, discriminada no meio masculino.

 

Naqueles tempos, na década de 1970, os homens ficavam numa rodinha de conversa e as mulheres em outra. Encontros  técnicos  eram só para homens”. Mesmo assim, ela conta que encontrou um apoio enorme na Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO), sendo a primeira mulher a fazer curso para técnico de seleção ovina. “Porém, quando chegava nas propriedades rurais era convidada para ficar dentro de casa com as famílias”. 


Na Embrapa Bagé, em parceria com o Cenargen, Clara foi a precursora na pesquisa sobre conservação e uso de animais domésticos ameaçados de extinção. “Em 1996, fui escolhida pela mídia para representar os médicos veterinários  no programa da Rede Globo “ Gente que Faz”. A apresentação da minha história  a nível nacional teve muita repercussão, pois tratava de resgate de uma antiga raça  ovina e seu uso, carne, lã e pele”.


Assim, o artesanato em lã, resgatando antigas técnicas, ficou revigorado e a raça ovina Crioula foi incluída no livro de registro genealógico do Mapa em 2001. Paralelamente à pesquisa, Clara foi a precursora na apicultura associativista, em Bagé e Santa Maria, chegando a uma produção de mel obtida em mais de 500 colmeias. “O apiário serviu para várias pesquisas da Unesp Jaboticabal. Hoje, aposentada  exerço a pecuária e, se tive sucesso na vida profissional, agradeço à formação acadêmica e a inúmeros criadores e usuários de produção animal, que desde sempre estiveram ao lado do bem estar animal”.