As altas temperaturas do verão exigem cuidados redobrados em relação aos alimentos, especialmente os de origem animal que, por serem altamente perecíveis, deterioram-se muito rápido. Para evitar problemas, devemos ficar atentos à origem e à conservação dos produtos, além de prepará-los de forma correta para que não haja contaminação durante o processo.
Para alertar sobre a importância da segurança alimentar no verão, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS) lança a campanha Medicina Veterinária também é alimento seguro. O presidente do CRMV-RS, Mauro Moreira, destaca a importância do trabalho do médico veterinário na área de alimentos, seja como responsável técnico, na inspeção ou fiscalização de produtos de origem animal, desde a produção até o consumo final. “São profissionais que atuam para a proteção da saúde pública, promovendo a melhor qualidade dos produtos que vão para a mesa do consumidor”.
Segundo o médico veterinário do Núcleo de Vigilância Sanitária da prefeitura de Passo Fundo, Thiago da Silveira Peracchi de Barcellos, é importante nunca descuidar da refrigeração dos alimentos e também da procedência dos mesmos. “Compre sempre produtos com origem definida, com procedência legal, rotulados, de empresas registradas e que passaram pela inspeção de um médico veterinário”.
O médico veterinário Endrigo Ziani Pradel, chefe da Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR) explica que, para saber se um produto passou pela inspeção de um médico veterinário, os consumidores devem ficar atentos ao rótulo e à etiqueta com selo dos órgãos de inspeção. “Sejam eles Federais, Estaduais ou Municipais (SIF, SIE ou SIM), é obrigatório para todos os produtos de origem animal produzidos e comercializados no território brasileiro”.
Os cuidados vão desde a aquisição, passando pelo transporte desses alimentos, refrigeração e manipulação. Barcellos lembra que é bem comum as pessoas comprarem carne, por exemplo, e demorarem para recolocá-la na geladeira. “Às vezes, ficam dentro do carro, em ambiente muito quente. É importante que, ao comprar um produto de origem animal ele seja refrigerado o mais rápido possível, conforme temperatura indicada no rótulo”.
Cada alimento tem suas características específicas e elas devem sempre ser observadas. No caso da carne de frango, por exemplo, ela tem uma contaminação natural, por isso, ao manuseá-la é importante não misturar com outros alimentos. Deve-se manipular a carne e fazer a higienização dos outros utensílios e das mãos, para daí sim ir trabalhar com outros alimentos. “Você pode tocar com as mãos sujas e acabar contaminando outro alimento frio, como saladas e sucos”, destaca Barcellos.
No caso das carnes bovina e suína, é importante ficar atento à limpeza e à organização dos açougues, se as carnes estão adequadamente expostas ou se estão com uma coloração boa e frescas. “Observar se a temperatura de conservação e a validade dos produtos estão de acordo com a indicação dos rótulos e embalagens. Ficar atento à integridade das embalagens e observar se o local onde estão sendo comercializadas, acondicionadas ou manipuladas possui higiene adequada”.
A primeira coisa que devemos observar na hora de comprar peixe fresco é a forma como ele está exposto, pois deve estar coberto completamente por gelo nas bancadas ou armazenado em gelo dentro de expositores refrigerados. “A pele e as escamas devem estar brilhantes e os olhos claros. Observe também se as brânquias são róseas ou vermelhas, úmidas e brilhantes com odor natural. Crustáceos têm que apresentar aspecto brilhante e úmido, além de cheiro suave. Os artículos devem ser firmes e resistentes e a carapaça bem aderida ao corpo”, explica Pradel.
Um produto que exige muita atenção nessa época do ano são os ovos que devem sempre ser comprados de empresas que tenham licenciamento para vendê-los. “E nunca adquirir ovos com manchas de sangue, trincados ou falhados”, reforça Barcellos. Os derivados lácteos e o mel devem sempre possuir rótulos com selo de inspeção do órgão responsável. É importante observar a data de fabricação do produto e de validade, além de conferir se o rótulo e a embalagem estão íntegros. Além disso, também devemos observar se estão conservados em temperatura correta, de acordo com o rótulo.
Os médicos veterinários também alertam para a necessidade de redobrar a atenção em relação à higiene e conservação dos alimentos, em restaurantes e supermercados. “Nos bufês, é preciso verificar se o estabelecimento atende as seguintes recomendações básicas: estrutura adequada para a manipulação de alimentos e conservação dos pratos frios em temperatura inferior a 5ºC e os pratos quentes mantidos a uma temperatura superior a 60ºC”, informa Pradel.
Nos supermercados, é preciso observar a organização do açougue, da fiambreria, da padaria, se os funcionários que manipulam os alimentos estão devidamente uniformizados, com proteção no cabelo e se têm hábitos higiênicos. Barcellos destaca que os consumidores nunca devem comprar de estabelecimentos onde corriqueiramente se encontram produtos vencidos, estragados, embalagens estufadas. “O consumidor precisa se dar conta de que ele tem um poder muito grande de escolha de onde comprar. Se ele exercer esse direito de escolha e não comprar mais do local que não fornece adequadamente o produto, ou o estabelecimento terá que se adequar para se manter na atividade, ou inevitavelmente vai fechar”, finalizou Barcellos.
Confira as artes da campanha Medicina Veterinária também é alimento seguro disponíveis para download clicando aqui.