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CRMV-RS participa de formatura de apenados como auxiliares veterinários
15/12/2021

Um projeto-piloto inédito no Estado, desenvolvido na Cadeia Pública de Porto Alegre, revolucionou a vida de 11 apenados: eles se formaram auxiliares veterinários e, a partir de agora, contam com uma profissão que tem reflexo direto na autoestima deles e na oportunidade de reinserção no mercado de trabalho.

 

O presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-RS), Mauro Moreira, esteve presente na solenidade e entregou os certificados para os formandos. Ele destacou a importância do projeto no sentido de profissionalizar as pessoas para que elas possam ter mais oportunidades de trabalho, no momento em que deixarem a prisão. “Trata-se de um projeto-piloto que está iniciando, que tem uma longa caminhada pela frente e já conta com o apoio do CRMV-RS. Desde já, nos colocamos à disposição para fazer a aula inaugural do próximo curso, numa atividade conjunta da nossa equipe técnica com a equipe técnica do presídio”, disse Moreira. Para o presidente, além da possibilidade de profissionalização, o curso permite estreitar a relação humano-animal. “Tem a questão de transferência de amor, de cuidado e da disciplina que o trabalho com os animais possibilita e mesmo a questão da ressocialização”. 

 

A ideia de profissionalizar os presos foi da diretora da cadeia, major Ana Maria Hermes, primeira mulher a comandar a prisão em 58 anos. “Trata-se de um sonho antigo. Eu sempre senti a necessidade de ofertar possibilidades diferentes para os presos, para quando transpusessem os muros que separam eles do convívio social”, disse a major. Nessa perspectiva, além de querer conceder tratamento penal, os cursos profissionalizantes trabalham a autoestima e questões internas de cada um, além de desenvolver nos presos um sentimento de responsabilidade social. Ana Maria destacou a importância de o curso ter sido acolhido pelo CRMV-RS, pois “sem dúvida não conseguiríamos concretizá-lo sem o auxílio técnico do conselho e todo o trabalho de responsabilidade social feito pela entidade, defendendo várias causas”. Segundo ela, a ideia é organizar novo curso para iniciar em março de 2022. 

 

Diante da necessidade de contratar auxiliares veterinários para ajudar na lida com os 66 cães que trabalham no presídio, o médico veterinário e soldado da Brigada Militar, Maurício Carllosso, sugeriu a criação do curso. “Levei a ideia para o CRMV-RS e obtive todo o respaldo técnico e a orientação sobre como desenvolver o curso, conforme as regras e diretrizes estabelecidas pelo conselho”, disse Carllosso. Segundo ele, o objetivo não foi apenas formar presos como auxiliares veterinários, mas envolver a questão social também, de conscientizar os apenados de que precisam fazer a parte deles na sociedade. Entre as disciplinas do curso estão noções de vigilância sanitária, de segurança no trabalho, noções básicas de zoonoses de interesse em saúde pública, de atendimento ao público, de relacionamentos interpessoais, conhecimentos básicos das raças animais, de anatomia veterinária e fisiologia, contenção física e manejo de animais, noções de comportamento e bem-estar animal, noções de procedimentos com pacientes internados e procedimentos em centros cirúrgicos. 

 

O formando Lucas Emanuel Fabbro Pereira foi o orador da turma e desejou que o projeto fosse o primeiro de muitos cursos profissionalizantes, pela importância do aprendizado com foco na ressocialização. “Vivemos num país omisso em termos de educação, por isso que iniciativas como essa devem ser comemoradas, assim como a oportunidade que nos foi dada de recebermos profissionalização. Sabemos que causamos algum prejuízo à sociedade e hoje ganhamos a oportunidade de fazer algo diferente pelas nossas vidas e pela sociedade.