Cada vez mais, tutores procuram terapias integrativas que melhorem a qualidade de vida e ofereçam recursos terapêuticos para diversas doenças de seus animais. As terapias integrativas não substituem o tratamento tradicional, sendo aplicadas de forma complementar e indicadas de acordo com as necessidades de cada caso. A atuação multidisciplinar busca bem-estar, qualidade de vida e produtividade das diferentes espécies, incluindo animais de companhia, de produção ou silvestres.
“As terapias complementares são práticas terapêuticas que não integram o sistema convencional alopático por se basearem em explicações de ação diferentes daquelas adotadas tradicionalmente”, explica a médica veterinária Josiani Carolini da Silva, uma das palestrantes da programação promovida pela Comissão de Medicina Veterinária Integrativa do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS). Transmitidas pelo canal do CRMV-RS no YouTube, as palestras foram ministradas nesta sexta-feira (10), direto da Expointer, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, e mediadas pelo médico veterinário Danny Perez. O evento contou ainda com a participação das médicas veterinárias Viviane Pinto e Lisiane Ávila.
Acupuntura, Moxaterapia e Kinesioterapia em equinos
A médica veterinária Josiani Carolini da Silva abordou a aplicação de terapias complementares em equinos. No caso da acupuntura, destacou a aplicação da prática para tratar alterações funcionais na área do aparelho locomotor, problemas comportamentais, patologias funcionais de órgãos internos, doenças de pele, imuno estimulação geral.
A acupuntura em cavalos também é recomendada para analgesia, espasmólise e regulação de secreção hormonal, reabilitação pós-traumas ou pós-operatória. “Quando usada corretamente, não se tem contraindicações”, explica ela, ao lembrar que é preciso cuidar com alguns acupontos para não serem realizados em gestantes e que não é indicada no caso de alterações severas e irreversíveis.
A acupuntura consiste na naA aplicação de agulhas e/ou outros estímulos em pontos nos meridianos, que gera reações tanto em tecidos adjacentes quanto órgãos a distância, atingindo o equilíbrio energético e o livre fluxo do Qi. Entre os exemplos de técnicas, Josiani cita agulha seca, acupressão, eletroacupuntura, laserpuntura, hemopuntura, sangria de ting, farmacupuntura associada à moxaterapia, ozonioterapia e ventosaterapia.
Já a Moxaterapia promove a livre circulação de Qi e Xue (sangue) através da desobstrução dos canais energéticos. O termo moxabustão significa “longo tempo de aplicação do fogo” e vem da palavra japonesa mogusa, nome popular das plantas Artemísia sinensis e Artemísia vulgaris. Moxa: um bastão ou cone , amassado e moldado com as mãos, onde se coloca as folhas de Artemísia. A técnica trabalha os mesmos pontos da acupuntura ou regiões utilizando calor ao invés das agulhas. Exemplos de técnicas: Bastão, cone, term, cachimbo, berço de moxa, técnicas japonesas, associada a acupuntura, argila, alho, gengibre, casca de laranja, sal, casca de coco e nós portuguesa.
A Moxaterapia é indicada em muitas doenças agudas e crônicas, para controla sistema imune, redução das dores musculares e articulares, relaxamento físico e mental. Entre os benefícios, estão melhoria o sistema gastrointestinal, fortalecimento das vias respiratórias, ajuda a resolver problemas oftalmológicos e ajuda em processos de cicatrização. Não deve ser aplicada em casos de doenças febris. (existem técnicas que resfriam), estados de excitação, hipertonia, sobre grandes vasos e diretamente sobre os olhos.
O outro tema abordado por Josiani foi a Kinesioterapia, que consiste em uma bandagem elástica desenvolvida no Japão que uuytza a capacidade de autocura do corpo por meio de estímulos cutâneos que facilitam ou limitam a contração muscular, auxiliando no fortalecimento ou relaxamento muscular, posicionamento articular, redução da dor e edemas.
É utilizada para dor aguda e crônica, desequilíbrio muscular, insuficiência postural, condições circulatórias e linfáticas, lesões ligamentares, tendinosas e articulares, aderências e cicatrizes fasciais, padrões de movimento patológicos e condições neurológicas. Otimiza o desempenho e ajuda na recuperação após uma competição ou longa viagem. Não pode ser aplicada sobre tumores, dermatites, feridas abertas e tromboses.
Homeopatia em pequenas propriedades rurais
A médica veterinária Lisiane Ávila falou sobre os benefícios da aplicação de homeopatia para pequenas propriedades rurais, compostas principalmente pela agricultura familiar. A definição, segundo ela, diz que o agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos:
- Não detenha área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais.
- Mão de obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento.
- Renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento.
- Dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.
A especialista lembra que esses produtores são maioria. De acordo com o censo do IBGE de 2017, de 294 mil estabelecimentos, 80,5% foram classificados como de agricultura familiar, detendo 25,3% das áreas, no Rio Grande do Sul.
A homeopatia é o uso de substâncias extraídas da natureza, provenientes dos reinos mineral, vegetal ou animal, na cura ou prevenção de doenças. “Na homeopatia, uma premissa fundamental é que cada pessoa tem uma energia chamada de força vital. Quando essa energia é interrompida ou desequilibrada os problemas de saúde começam a se desenvolver. A homeopatia visa estimular respostas próprias de cura pelo organismo”, explica Lisiane. “Dessa forma, a doença é um desequilíbrio no todo que se manifesta de múltiplas formas”, completa.
Segundo a especialista, a homeopatia traz vantagens para o meio ambiente, por não apresentar resíduos químicos nos alimentos. “As técnicas do processo de produção respeitam o meio ambiente, a saúde do trabalhador agrícola, a do consumidor e têm como objetivo manter a qualidade do alimento”, reforça Lisiane. Uma das vantagens do tratamento, diz a médica veterinária, é a promoção do bem-estar animal.
• A administração do medicamento pode ser feita na água ou no alimento
• Reduz o estresse da manipulação e contenção do animal
• Diminui o sofrimento em situações de estresse
• Trata sintomas comportamentais
Tratamento homeopático em animais
• Os animais de criação (bovinos, suinos, caprinos, ovinos, aves, etc.) podem igualmente ser tratados pela homeopatia.
• No caso de uma doença que afeta parte ou o conjunto do rebanho, é possível tratar individualmente cada animal, mas normalmente os animais são analisados como se formasse um único indivíduo, sendo ministrado o mesmo medicamento homeopático a todos os animais do grupo.(gênio epidêmico)
• Neste caso a prescrição é determinada a partir da análise dos sintomas mais característicos que todos os animais pertencentes ao rebanho apresentam.
• Além de prescrever o medicamento o veterinário deve estar preocupado com o bem estar dos animais.
Ação Bactericida do Ozônio em Animais de Produção e Equinos
A ação Bactericida do Ozônio em Animais de Produção e Equinos foi o tema da palestra da médica veterinária Viviane Pinto. A especialista explicou que o ozônio é muito utilizado na manipulação e processamento de frutas, carnes, frangos e na lavagem e esterilização de alimentos vegetais e laticínio.
Outra aplicação é voltada para garantir a higiene do processo e para melhorar a cor, o odor e o aspecto visual destes produtos evitando o uso de agentes químicos que podem deixar resíduos e provocar reações secundárias prejudiciais à saúde. O ozônio também é utilizado nos silos e depósitos de alimentos protegendo e preservando cereais, frutas, hortaliças, aves, carnes e queijos. “O ozônio melhora qualidade e durabilidade dos alimentos”, destaca Viviane.
O ozônio medicinal opera como modulador imunológico, melhora a perfusão local, reduz a agregação plaquetária, modula o estresse oxidativo, reduz a formação de tecido granulação exuberante, estimula a cicatrização e promove a desinfecção.
Um dos exemplos apresentados pela especialista foi a da aplicação da ozonioterapia na mastite bovina.
• Mastite subclínica gera grandes prejuízos econômicos
• # Sthaphylococcus Aureus (G+) com grande resistência aos antibióticos
• # Tratamento é o uso de ATB que tem alto custo e presença de resíduos no leite
• Conclusão: O tratamento da mastite subclínica utilizando óleo de girassol ozonizado é positiva, devido à facilidade da terapêutica de acordo com a baixa dosagem, as poucas aplicações, a presença negativa de resíduos no leite, a praticidade do manejo e o baixo custo