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Seminário do CRMV-RS destaca papel fundamental dos médicos veterinários nas Forças Armadas
07/09/2021

A atuação dos médicos veterinários nas Forças Armadas foi tema de um seminário promovido pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS) nesta terça-feira (7). O evento integrou a programação da Casa do Veterinário no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, durante a 44ª Expointer.

 
Para a presidente do CRMV-RS, Lisandra Dornelles, o objetivo do seminário foi mostrar aos profissionais da área a importância do trabalho do médico veterinário no Exército, Marinha, Aeronáutica e Brigada Militar. “Eles desempenham importante papel na inspeção de alimentos, programas de auditoria, educação ambiental, recuperação de áreas degradadas, controle de vetores, coordenação de saneamento e controle de zoonoses e cuidados com animais. Todas essas ações convergem para a Saúde Única, que reúne a saúde humana, animal e ambiental”, destacou a presidente.


Exército


O coronel médico veterinário do Exército Brasileiro Francisco Augusto Pereira dos Santos destacou o importante trabalho que os profissionais da área exercem. Além do cuidado dos animais pertencente ao Exército, como cães, cavalos e búfalos (estes usados na Amazônia), os médicos veterinários militares também atuam em vigilância sanitária, auditoria e inspeção de alimentos e defesa alimentar, esta última referindo-se às ações de segurança contra contaminações intencionais de alimentos provocadas de forma criminosa ou terrorista. 

 

“O Exército Brasileiro nos proporciona quase todas as áreas de atuação do médico veterinário”, afirma o Coronel Francisco. O palestrante também informou que os profissionais da área podem ingressar nas Forças Armadas de duas formas: como oficial temporária (válido para o Exército, Marinha e Aeronáutica) ou como oficial de carreira (apenas no Exército). No caso dos temporários, o período de permanência é de no máximo 8 anos, com entrada por seleção regional. Já os oficiais de carreira entram através de concurso público a nível nacional, e podem servir por 35 anos. Atualmente, existem 96 oficiais médicos veterinários de carreira no Exército, além de outros 135 oficiais temporários e 18 na reserva.


Marinha compartilha conhecimentos

A Marinha do Brasil tem, em sua trajetória, fatos que lhe rendem pioneirismo e inovação. Exemplos não faltam. A almirante médica Dalva Maria Carvalho Mendes abriu as portas para outras mulheres ao se tornar, em 2012, oficial general contra-almirante, fazendo com que a Marinha fosse a primeira entre as Forças Armadas a ter uma oficial no generalato. Dois anos depois (2014), outro fato marcou a trajetória Marinha, com a formação superior das primeiras 12 mulheres.

A carreira militar naval abriu as portas para profissionais da Medicina Veterinária anos antes. Foi em 2007 que os profissionais da área ingressaram na Marinha, atuando na área de Sanidade Canina no Corpo de Fuzileiros Navais. Os oficiais militares acompanham o treinamento e adestramento de cães que participam das rotinas da Marinha, caso de situações de guarda e proteção.

Para ampliar o conhecimento, participam de treinamentos e simpósios militares em conjunto com outras as Forças Armadas (Exército e Força Aérea Brasileira) e de forças auxiliares (como as polícias civil e militar e guardas municipais) de diversos estados. “Essa troca de informações é importante para nós e para outras forças que trabalham com cães”, destacou Marco Antônio Andrade Rodrigues, Primeiro-Tenente da Marinha do Brasil, em sua palestra “A rotina do oficial médico veterinário na Marinha do Brasil e curiosidades sobre a vida naval”.

Mas a sanidade canina é apenas uma das áreas de atuação. É ampla a gama de possibilidades para os médicos veterinários dentro da Marinha, como, por exemplo, a inspeção para evitar fraudes em alimentos, que foi tema de evento realizado pela Escola de Logística do Exército Brasileiro em 2020.

Na prática, são realizadas visitas in loco aos fornecedores de alimentos para a Marinha para conhecer sua dinâmica de trabalho. As empresas que ganham as licitações para abastecer o efetivo são inspecionadas esporadicamente para acompanhar a forma de produção desses alimentos. A área de inspeção alimentar é responsável ainda por avaliações microbiológicas, físicas e químicas, conhecimento que é compartilhado com o Exército, permitindo a troca de experiência e aprimoramento dos processos. Os médicos veterinários são responsáveis também pela Inspeção nas câmaras frigoríficas que abastecem os quartéis para verificar como é feita a armazenagem dos alimentos e de gêneros frigorificados, de forma a garantir que a saúde dos efetivos.

Atenção aos militares e à sociedade

Entre 2013 e 2014, os médicos veterinários ampliaram sua participação nas atividades da Marinha, e passaram a participar de pesquisas envolvendo animais e da área de segurança alimentar.  “A inspeção de alimentos é fundamental para garantir a saúde dos militares”, explica o Tenente Rodrigues, que atua na inspeção de alimentos do Depósito de Suprimentos de Intendência da Marinha, no Rio de Janeiro (RJ), ao destacar a multidisciplinaridade dos médicos veterinários onde quer que atuem. Esses conhecimentos são compartilhados não só as Forças Armadas e de forças auxiliares do Brasil, mas também com militares de outros países, como já aconteceu com o Paraguai, por exemplo.

Mas a disseminação do conhecimento vai muito além.  Os oficiais da Marinha levam informações sobre sua rotina e a importância da carreira militar a escolas públicas e particulares. “Falamos também sobre o papel da Medicina Veterinária dentro e fora das Forças Armadas para estudantes ávidos por conhecimento”, conta o Tenente Rodrigues, ao explicar que a ideia é que os alunos entendam um pouco mais ao entenderem o trabalho dos militares ao aplica-lo à realidade do dia a dia desses jovens.   A Marinha integra ainda as rodadas de profissões, que levam aos jovens informações sobre atividades desenvolvidas nas mais diversas áreas, entre elas as forças militares.

Além disso, há o projeto Forças no Esporte, que tem por objetivo estimular, dentro das comunidades localizadas no entorno das unidades miliares, as potencialidades de crianças e jovens. Lições sobre civismo, patriotismo e importância da atividade física buscam inserir esses alunos em programas tanto em nível de estágio quanto em nível profissional ou educacional. “Ficamos muito felizes quando um estudante consegue alcançar seu objetivo, como se inserir no Projeto Jovem Aprendiz ou conseguir bolsas dentro da Marinha”, relata.

Os pais ou responsáveis também são inseridos nessas iniciativas. Eles são orientados sobre a como funciona a disciplina no dia a dia das Forças Armadas e a sua importância, e que é possível aplica-la na hora do estudo e nas atividades desempenhadas dentro de casa. “Assim, mostramos que há oportunidades para que esses estudantes não fiquem se expondo a algumas mazelas da sociedade”, completa. O retorno, segundo o Tenente Rodrigues, normalmente é muito compensador. “Recebemos o retorno dos pais contando que os filhos conseguiram vaga em escolas técnicas, universidades ou mesmo que entraram nas Forças Armadas”, conta, ao comemorar que o resultado reforça que as iniciativas estão no caminho certo.

A multidisciplinaridade dos oficias veterinários

Os cães ocupam papel de destaque no trabalho dos médicos veterinários da Marinha. Os oficias veterinários participam de situações externas in loco, como a realizada em Formosa (GO), em 2015. “São atividades como essas que permitem acompanhar se as atividades condizem com a capacidade física do animal”, explica. Além disso, as práticas possibilitam dar suporte aos treinadores, de forma a permitir que os cães realizem suas funções da melhor forma possível.

Entre os cuidados adotados, está o acompanhamento clínico dos animais após suas rotinas. Outra preocupação, relata o Tenente Rodrigues, é a de realizar o reconhecimento das áreas às quais os cães serão expostos, de forma a verificar se há algum perigo que possa colocar em risco a saúde dos animais.

Os cães são monitorados para acompanhar seu condicionamento em todos os turnos em que realizam atividades, e um exame clínico noturno verifica suas condições após o dia de trabalho. Também é feito o reconhecimento da área de atuação para ver se há algum perigo que possa colocar em risco a saúde dos cães. A preocupação e a importância desses animais são tamanhas que eles fazem parte da formatura dos oficias, dividindo com eles o momento de crescimento pessoal e profissional.

E o conhecimento é primordial para garantir o bem-estar do plantel. Em 2016, a Marinha realizou o primeiro curso de auxiliar veterinário, qualificação que teve novas turmas nos anos de 2019 e 2021. A iniciativa rendeu aos alunos a oportunidade de participar de aulas práticas de Anatomia Animal I e II na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRuralRJ), instituição de ensino na qual o Tenente Rodrigues se graduou em Medicina Veterinária. Ali, conta, os estudantes puderam entender mais sobre estruturas ósseas, musculares e orgânicas dos cães, por exemplo, informações valiosas para ajudar no dia a dia das atividades.

As instruções são compartilhadas com diversos canis em todo o País, não só a questão do adestramento, mas também quanto aos cuidados que os cães precisam, o que envolve as melhorias na qualidade do condicionamento desses animais. “Detalhes como esses fazem toda a diferença na execução de tarefas, não só dos militares, mas principalmente em relação à sanidade dos animais”, explica.

Esse suporte veterinário não só atende apenas os cães que têm como destino os canis da Marinha. Os cães errantes, aqueles que entram nas unidades militares, também recebem todo cuidado, carinho e afeto, e acabam sendo inseridos nos plantéis. O importante, ressalta o Tenente Rodrigues, é mostrar que o médico veterinário é polivalente em todas as áreas de todas as Forças Militares. “De manhã pode estar fazendo inspeção em uma câmara frigorífica a 24 graus negativos e à tarde se encontrar em procedimento cirúrgico com cão do corpo de fuzileiros navais”, relata.

Cada desafio, diz ele, deve ser encarado como oportunidade de crescimento. “As Forças Armadas propiciam experiências que dificilmente se teria na vida civil”, afirma. O Tenente Rodrigues cita o termo africano “Ubuntu”, que significa “eu sou porque nós somos” e “juntos somos mais fortes” para ressaltar a importância de cada um dentro do trabalho conjunto, de forma a melhorar a qualidade de vida das tropas e da sociedade.


Aeronáutica
 

Já na Força Aérea Brasileira, existem 20 oficiais médicos veterinários temporários. Um deles é a 2º Tenente médica veterinária da Aeronáutica Elissandra da Silveira, que atua na Base Aérea de Canoas. No Rio Grande do Sul, outros três profissionais da área trabalham na FAB.
Segundo Elissandra, o trabalho dos médicos veterinários na FAB é voltado principalmente para o cuidado e treinamento de cães (em especial os usados para faro de drogas e policiamento) e equinos. Além disso, também são realizados trabalhos de cuidados de animais abandonados nas áreas da FAB e manutenção, resgate e destinação de animais silvestres.


Brigada Militar
 

Na Brigada Militar do RS existem apenas três médicos veterinários em atuação. No entanto, no passado, o número já foi maior, nove profissionais, relatou o tenente coronel médico veterinário Guilherme Faria, que destacou que seria importante a contratação de mais médicos veterinários para atender às demandas da corporação. Além disso, como a BM possui um quadro único de oficiais de saúde, os médicos veterinários precisam concorrer com profissionais de outras especialidades para promoção na carreira.

 

Entre as atribuições dos veterinários na BM estão a clínica e cirurgia de equinos e caninos, reprodução equina, participação em comissões de carga e descarga de animais, reintegrações de posse e intervenções em casa prisionais, além de atuação na Força Nacional de Segurança e participação nos cursos de formação. Atualmente, a BM conta com 381 equinos e nove canis. Além disso, no mês de novembro, a BM realiza o mais tradicional e antigo evento de hipismo do Brasil, o Festival Hípico Noturno, promovido pelo 4º Regimento de Cavalaria Montada, em Porto Alegre.


Hipismo


A ligação entre o Exército Brasileiro e o hipismo foi o tema de palestra da 1º Tenente médica veterinária Bruna Machado Amaral Rosa, do Colégio Militar de Curitiba. A oficial lembrou que a relação entre o hipismo e as Forças Armadas são históricas desde o início da civilização, com o uso do cavalo como arma de guerra. Com essa tradição, militares se destacaram na equitação, mesmo quando a atividade começou a se transformar em um esporte civil. “Por exemplo, o fundador da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) foi um general, e o da Associação Nacional de Equoterapia (Ande) foi um coronel do exército”, destacou. 


Atualmente, destacou a oficial, o Exército Brasileiro ainda busca talentos do hipismo. um exemplo é o cavaleiro João Oliva, que se tornou atleta militar em 2015.  Em julho, nas Olimpíadas de Tóquio, o 3º Sargento João Oliva alcançou a melhor nota em adestramento na história da participação brasileira nos Jogos Olímpicos. 


Bruna, que fez fisioterapia de cavalos nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, lembra que o legado do hipismo nas Forças Armadas deixou como legado um vasto conhecimento técnico para médicos veterinários. “O Exército possui estrutura para prática de equitação e para o uso de cavalos em diversas atividades. As competições realizadas precisam de veterinários que garantam a saúde dos animais. Além disso, também houve grande contribuição para o avanço do uso do cavalo como atividade fisioterapêutica com a equoterapia”, destacou.


Coudelaria do Rincão


Os cavalos que são conhecidos pela população em suas apresentações em cerimoniais militares ou em ações para garantia da lei e da ordem têm um tratamento especial antes mesmo de nascer, e que se estende até a sua “aposentadoria”. É que, para garantir as características necessárias para atender a essas e outras atividades em que são requisitados no Exército, há todo um trabalho e os médicos veterinários têm papel fundamental neste quesito.


A Coudelaria do Rincão, em São Borja, é a responsável pela produção do “cavalo militar”. Hoje, 1002 equinos estão sob a supervisão de oficiais veterinários. Os equinos criados são distribuídos para Organizações Militares (OM) de todo Brasil.“Contamos com equipamentos de última geração e tecnologia em todas as etapas do ciclo de produção”, destaca o 1º Tenente Renan Felipe Parizotti, um dos médicos veterinários que integra a equipe da Coudelaria do Rincão.

 
A raça escolhida é o Brasileiro de Hipismo, por apresentar as características que contemplam o perfil necessário para cumprimento das tarefas. “O cavalo ideal precisa ter dorso forte, boa inserção de pescoço, garupa forte e comprida e boa capacidade respiratória”, exemplifica o 1º Tenente Paulo Henrique dos Santos Castro. 


Na criação desses animais, envolvem cuidados em todas as etapas do processo. Para se ter uma ideia, as éguas no terço final da gestação são acompanhadas diariamente e passam por uma inspeção geral. Elas são assistidas desde a inseminação e até o pós-parto, recebendo todos os cuidados necessários. “As éguas são monitoradas e, de acordo com os sinais de que irão parir, os oficias veterinários são avisados para que acompanhem o parto e permaneçam até o potro começar a mamar”, relata a 2º Tenente Maíra Munaretto Copetti.


Os oficiais veterinários da Coudelaria do Rincão detalharam como são feitos todos os processos do ciclo, que não se encerra com a destinação dos animais para as Organizações Militares. Depois de cumprirem sua missão junto ao Exército, os equinos retornam para São Borja e passam a integrar o Projeto Geriátrico. São cavalos que sofreram alguma lesão ou estão em idade avançada. Ali, eles são realocados e ficam em campo nativo, com direito a manejo sanitário e profilático até o fim da vida, para que tenham garantido o seu bem-estar.

 

Missões internacionais


A presença de oficiais veterinários tem sido cada vez mais requisita em missões internacionais. Cabe a eles diversas ações fundamentais para garantir a saúde única, que consiste na saúde do homem, do animal, e do ambiente. De que forma isso acontece? Um exemplo vem do Haiti, onde o Exército Brasileiro atuou com o Batalhão de Infantaria de Força de Paz. Em janeiro de 2010, depois que um terremoto fez mais de 300 mil vítimas naquele país, a presença dos médicos veterinários passou a ser ainda mais fundamental, pois o país enfrentou surto de cólera, epidemia de malária e raiva urbana, colocando em risco a população e os militares que ali estavam.


“Foi graças à pesquisa de um médico veterinário que se descobriu que o aumento dos índices pluviométricos sempre vinha acompanhado pelo crescimento dos casos de malária”, conta o Major Rafael Rodrigues, que participou da missão no Haiti. O estudo, segundo ele, serviu de base para uma série de ações, como o controle do mosquito causador da malária. Assim, o apoio na área da saúde, que era voltado para o contingente militar brasileiro, também repercutia positivamente para a população do Haiti.


Os oficiais veterinários também ficam encarregados pela gestão de resíduos perigosos e materiais infectantes – pilhas e baterias, pneus, lixo eletrônico, material de saúde infectante e óleos lubrificantes, por exemplo – que poderiam causar impacto ambiental. A gestão de resíduos sólidos é outra ação de responsabilidade dos médicos veterinários. O descarte correto de lixo e sua destinação adequada são fundamentais para evitar a proliferação de ratos e insetos. Além disso, a separação de resíduos recicláveis são fonte de renda para muitas pessoas que vivem da coleta. 


O controle de vetores e pragas foi outra ação que repercutiu para o efetivo do Exército e para a população. “Os militares recebem treinamento do oficial veterinário para saber a adequação de doses e concentração de inseticidas, de forma a garantir a segurança do ambiente e do operador”, explica Rodrigues.


O Coronel Francisco Augusto Pereira dos Santos também passou pela experiência de atuar no Haiti. Sua primeira missão foi avaliar as condições higiênico sanitárias do Exército após o terremoto. Santos relatou as diversas áreas de atuação dos médicos veterinários para garantir a saúde dos militares, como a inspeção de alimentos - evitamento que produtos impróprios para o consumo chegassem às mesas do batalhão -, defesa biológica e biossegurança, por exemplo.


Os procedimentos adotados no Haiti foram semelhantes aos aplicados na Operação Acolhida, do governo federal, que trabalha no acolhimento aos refugiados venezuelanos. O trabalho foi desenvolvido em Roraima, mais fortemente na cidade de Pacaraema, que é a mais fronteiriça com a Venezuela. 


Santos participou da fase de abrigamento, em 2018, e retornou em 2019, quando teve início a fase de interiorização, com o destino dos refugiados para outros estados do País. Os médicos veterinários fazem parte do contingente que atua na operação – sem prazo para acabar, pois deve se estender enquanto o país vizinho estiver em crise. Segurança alimentar, controle de vetores e vigilância sanitária estão sob responsabilidade dos oficiais veterinários, que também têm uma forte atuação no controle de zoonoses.

 

No início, era proibido aos refugiados levarem animais para os abrigos. “Imagine a importância, para quem saiu do seu país e está enfrentando dificuldades, ainda ter que se separar do seu animal de estimação”, diz Santos. A alternativa apresentada pelos oficiais veterinários foi a de vacinar e vermifugar os pets para que eles não precisassem ficar para trás. “Deixar o animal saudável e não o retirar da companhia dos refugiados ajuda na saúde emocional e comportamental dessas pessoas”, destaca. 

 

Médicas veterinárias no Exército
 

“Mulheres Médicas Veterinárias no Exército Brasileiro: Uma realidade muito bem estabelecida” foi o tema da palestra da coronel Beatriz Helena Felício Fuck Telles Ferreira, precursora do ingresso feminino no efetivo. Beatriz fez parte da primeira turma de mulheres admitidas no Exército, no início dos anos 1990. Movida pela vontade de fazer equitação, encontrou ali a oportunidade de poder por seu sonho em prática. “Mas acabei indo para a área de inspeção de alimentos, e aprendi muito”, relata, ao destacar que a carreira militar abre muitas oportunidades a médicos veterinários. 

 

Além da inspeção de alimentos, Beatriz cita o manejo, clínica e cirurgia de animais silvestres, auditoria ambiental, área que tem crescido dentro do Exército, e defesa química, biológica, radiológica e nuclear, além das atividades mais conhecidas pelo público, voltadas aos cães e cavalos usados nas operações militares. “Quem nunca cogitou ingressar, se não conhece ou tem dúvidas, o Exército é uma carreira muito interessante”, afirma.

 

Ao contrário da prática frequente no mercado de trabalho, em que as mulheres que exercem os mesmos cargos recebem menos que os homens, a coronel destaca que o Exército que não existe qualquer diferença salarial no Exército para quem está no mesmo posto. Hoje, do efetivo de 59.800 da Marinha, as mulheres representam 7% (são 7.774). No Exército, entre 219 mil militares, 8.760 são mulheres (4%). Já nas Forças Aéreas, entre o efetivo de 81 mil, elas correspondem a 15% (são 12.150).