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Ciclo de palestras debate bem estar animal e qualidade de carcaça
06/09/2021

As comissões de ensino em Zootecnia e em Medicina Veterinária do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS) realizaram, na tarde de hoje, um ciclo de palestras sobre bem-estar animal e qualidade de carcaças. Na primeira delas, o zootecnista Jalison Lopes falou sobre a Importância do Bem-Estar Animal para Produzir Carcaças de Qualidade. “Os produtores precisam adotar técnicas de produção corretas, com foco em bem-estar animal, para que possamos concorrer com as carnes de laboratório e as ‘carnes’ veganas”, disse.


Entre as medidas defendidas por ele para fomentar manejo em bem-estar estão: evitar hematomas, contusões e fraturas que geram sofrimento aos animais e levam a perdas econômicas, pois prejudicam os cortes nobres, podendo levar à condenação da carcaça. Essas lesões costumam ocorrer em situações como embarque e desembarque inadequados, densidade animal inadequada no transporte, condições precárias das estradas, manejo agressivo (varas e choques), manuseio incorreto das porteiras, brigas, entre outros. A redução do estresse também é importante. Para Lopes, capacitar pessoas para o manejo com os bovinos é fator de maior impacto positivo para o bem-estar dos animais em fazendas e frigoríficos. 


Na segunda palestra da tarde, o zootecnista e professor da Universidade Federal de Santa Maria, Ricardo Vaz, falou sobre Temperamento na Produção e Perdas nas Carcaças Bovinas. Ele apresentou uma série de resultados de estudos sobre diferentes fatores ambientais que impactam no bem-estar animal e ganho de peso. Entre eles, a comparação entre ambientes com barulho, como gritos e latidos a locais onde o manejo dos animais é feito em silêncio, a eficácia da alimentação à sombra em comparação com ambientes sem sombra, desempenho de animais em confinamento com acesso ou não a telhado. 


“Em condições favoráveis, há animais que ganham 30Kg a mais de peso de carcaça”, disse. Vaz explicou que metade das qualidades intrínsecas da carne se devem ao produtor, como seleção genética, manejo e alimentação, e outros 50% se devem aos frigoríficos como transporte e manejos pré e pós-abate. “São esses valores que vão formar o preço final dessa carne e quanto melhor manejarmos com eles, melhores os ganhos”.


Entre os grandes vilões das perdas nas carcaças, estão os hematomas e os abscessos por vacina, e foi sobre eles que a médica veterinária e consultora da Propec, consultoria de abate, Nátalli Britto falou em sua palestra Perdas em Carcaças Bovinas por Lesões Vacinais e Contusões. “É nas carcaças que vemos o resultado de um manejo eficiente. Se as vacinas são mal aplicadas e o animal sofre contusões ocorrerá perda de peso desses bovinos e até condenação de carcaças”, disse. 

 

Segundo ela, é bem comum hematomas em regiões nobres como a picanha, o que impede a indústria de fazer um corte adequado. Entre os cortes que mais apresentam problemas estão o vazio e o lagarto. Nátalli dá como exemplo o caso de um frigorífico que recebeu 148 lotes, dos quais apenas quatro estavam livres de hematomas. De 7.818 animais apenas 35 estavam sem lesões, o que representa 99,55% do total com prejuízo por contusões. “Pequenas correções de manejo e treinamento da equipe podem resolver o problema. No caso das vacinas, basta saber o local correto de aplicação, posicionar a agulha de forma certa e sobretudo fazer sem pressa”.