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Seminário discute ética, mercado de trabalho e responsabilidade técnica para zootecnia
06/09/2021

A Comissão de Ensino em Zootecnia do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS) realizou, nesta segunda-feira (6), o Seminário de Responsabilidade Técnica da Zootecnia. O evento, que ocorreu na Casa do Médico Veterinário no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, integrou a programação do CRMV-RS na Expointer.

 

Entre os temas tratados no seminário estiveram os cuidados com a ética na atividade do zootecnista, o mercado de trabalho para os profissionais do setor e a atuação em responsabilidade técnica de empresas. “É importante que o aluno que está chegando nesse mercado de trabalho tenha cuidado com esses itens. Todos são aspectos muito importantes para a carreira do zootecnista”, explica Gerson Garcia, coordenador da Comissão de Ensino em Zootecnia do CRMV-RS.

 

Ética

 

Rafael Lazzari, professor de Zootecnia no campus Palmeira das Missões da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e membro da Comissão de Ética e Legislação do CRMV-RS, fez uma palestra focada no código de ética profissional da categoria e na atuação dos zootecnistas. Lazzari lembrou a necessidade dos profissionais da área exercerem seu trabalho com foco no correto uso de dados científicos. 

 

“Existe um controle social cada vez maior sobre nossas atividades. Muitas vezes, cientistas buscam resultados que se encaixem em suas narrativas, ao invés de interpretarem os fatos à luz da ciência. Nossa sociedade não está sabendo conviver com crítica e discordância. Mas é o contraditório que faz a ciência crescer, e para isso é preciso ética profissional”, destacou. O professor também lembrou dos itens do Código de Ética dos zootecnistas, publicado na resolução 1267, de 8 de maio de 2019. 

 

Para Lazzari, um dos principais desafios éticos atuais para os profissionais de zootecnia é a filtragem adequada de informações. “Hoje temos em nosso código a preocupação com publicidade e divulgação de informações falsas. Essa é uma grande dificuldade atual, diante da presença cada vez maior das novas tecnologias de informação e mídias em nossas vidas”, comentou.

 

Mercado de trabalho

 

O mercado de trabalho para zootecnistas foi o assunto discutido por Ricardo Vaz, professor Associado do Departamento de Zootecnia e Ciências Biológicas da UFSM. Vaz lembrou que o potencial de empregos para a categoria é crescente, devido à expansão do agronegócio e do consumo de proteína animal no mundo. Além disso, o professor destacou que os vários elos da cadeia produtiva pecuária onde os zootecnistas podem atuar, como indústrias de transformação e de insumos, fazendas de produção, redes de distribuição, atendimento ao consumidor, prestadores de serviços e em pesquisa, ensino e extensão. “Todos esses segmentos vão ter demanda de mão de obra. Mas o profissional precisa ter o cuidado de saber se comunicar. É preciso ter a capacidade de passar o conhecimento, adaptando-se ao local onde estiver”, afirma. 

 

Vaz também comentou que os profissionais devem se preocupar em criar a sua “marca pessoal”. “Como zootecnistas, temos que saber como queremos ser lembrados e comparados no mercado de trabalho. Desde a universidade é preciso ter a preocupação em ganhar destaque a fim de atingir o sucesso”, destacou.

 

Responsabilidade técnica

 

Por fim, Camila Antunes da Silva, gerente geral e responsável técnica da empresa Vacariana Nutrição Animal, de Vacaria (RS), explicou em sua palestra como fazer a responsabilidade técnica (RT) de estabelecimentos empresariais e as principais legislações que regem tanto a RT como a atuação dos profissionais nesse segmento. 

 

Para Camila, o baixo número de zootecnistas que são responsáveis técnicos no Rio Grande do Sul deve-se ao conflito entre a legislação sobre o tema e as atividades profissionais da categoria. “Em várias áreas onde atuamos, como abatedouros, laticínios e empresas de ovos, os zootecnistas estão impedidos de atuar como responsáveis técnicos. As chances de um profissional da nossa área pegar uma RT seria maior se os regramentos fossem diferentes”, afirma. De acordo com a palestrante, é imprescindível que haja uma mudança na legislação, tornando mais claro o regramento do tema e abrindo mais áreas de trabalho de RT para zootecnistas.