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Conflitos com animais selvagens é tema de palestra do CRMV-RS
05/09/2021

Os conflitos das interações entre animais selvagens e humanos foram tema de palestras virtuais realizadas neste domingo (5), durante a programação do Conselho Regional de Medicina Veterinária do RS (CRMV-RS) na 44ª Expointer. As apresentações foram realizadas pela Comissão de Animais Silvestres do CRMV-RS na Casa do Médico Veterinário no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio.


Ataques a criações


O médico veterinário Elisandro Santos, professor da faculdade de Medicina Veterinária da Ulbra Canoas e membro da Comissão de Animais Silvestres do CRMV-RS, destacou em sua apresentação casos de prejuízos causados por animais selvagens em propriedades rurais e algumas medidas que podem ser adotadas para reduzir esses danos. Santos afirma que, entre os principais motivos que levam animais selvagens a atacar criações em propriedades rurais estão a escassez de presas e alimentos no ambiente natural, a redução de habitat. “No Rio Grande do Sul, um dos principais problemas são pequenos canídeos, como o graxaim, que podem ocasionar mortalidades em rebanhos de ovelhas”,  destacou o professor.


No entanto, segundo Santos, algumas soluções simples e não invasivas podem contribuir para reduzir ataques de animais e reduzir prejuízos nas propriedades, sem necessidade de agredir a fauna nativa. No caso da ovinocultura, por exemplo, o médico veterinário recomenda deixar as ovelhas mais próximas das áreas habitadas por humanos na época de parição, devido à maior vulnerabilidade dos cordeiros recém nascidos, além de estabelecer locais onde os animais possam ser recolhidos à noite. Outra medida é manter uma presença de cães de pastoreio, para afugentar predadores. “Todas essas soluções têm  se mostrado efetivas para reduzir ataques de animais selvagens nas criações”, afirma.


Animais marinhos

 

A segunda palestra da tarde tratou dos Conflitos Envolvendo a Fauna Marinha no Litoral do RS e foi apresentada pelo médico veterinário do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres e Marinhos (CERAM) do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (CECLIMAR) Derek Blaese de Amorim. Ele apresentou uma série de danos que afetam os animais marinhos, como a interação e ingestão de plástico. O médico veterinário trouxe exemplos de tartarugas marinhas que morrem por engolir plástico, golfinhos que ficam com o focinho preso em lacres de garrafas pet e aves marinhas que engolem plástico aderido às algas e regurgitam para alimentar os filhotes. “Tem sido bem comum a interação com máscaras, nesses tempos de pandemia e com microplásticos, ingeridos por peixes e indiretamente pelos humanos”.

 

Entre os outros agressores dos oceanos, Amorim citou a presença de poluentes orgânicos persistentes, a pesca predatória, acidificação do mar por emissão de CO², aumento da temperatura dos oceanos, poluição por descarte inadequado de esgoto de fármacos, contaminação microbiológica, química e por metais pesados. “Para mitigar esses danos, precisamos reduzir, reutilizar e reciclar e pensar nas questões ambientais desvinculadas de política e como algo contrário ao desenvolvimento do país”.