Mais uma vez, a presença dos médicos veterinários no grupo prioritário de profissionais de saúde para vacinação contra a Covid-19 conforme estabelece o Plano Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde foi defendida pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS) junto ao Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS).

A presidente do CRMV-RS, Lisandra Dornelles, entregou ofício ao procurador-geral de Justiça, Fabiano Dallazen, em audiência no gabinete da presidência da Assembleia Legislativa, nesta quarta-feira (19), e enfatizou que os profissionais exercem atividades em mais de 80 áreas de atuação, grande parte delas ligadas diretamente à saúde humana.

“Muitos municípios negaram a imunização aos médicos veterinários com o argumento de que são profissionais que não trabalham com saúde humana, o que é um grande equívoco”, destacou Lisandra. O presidente da Assembleia, deputado Gabriel Souza (MDB), que também é médico veterinário, reforçou os pedidos.

A dirigente também solicitou medidas urgentes para solucionar a negativa da segunda dose que vem ocorrendo em alguns municípios. A presidente do CRMV-RS enfatizou ao procurador-geral de Justiça que a segunda dose não pode ser negada de maneira alguma a qualquer cidadão, tendo em vista o cenário atual de escassez de vacinas no qual vivemos.

O gestor que se negar a dar continuidade ao processo de imunização pode cometer um crime contra a saúde pública, pois além de não haver comprovação científica da eficácia de aplicação dessa segunda dose em tempo superior ao preconizado pelo estudo existente, o que coloca em risco a imunização do paciente em questão, pode-se levar ao desperdício da dose utilizada na primeira aplicação, além do fato de não sabermos os riscos de se ter uma parcela da população subvacinada.

Entre os casos, a presidente mencionou o recente episódio na cidade de Engenho Velho, na qual 10 pessoas, entre elas 3 médicos veterinários, tiveram a segunda dose da vacina negada.

Em 14 de abril, o CRMV-RS enviou ofício à Promotoria de Justiça de Constantina, que responde pelo município, solicitando a reversão imediata da decisão, mas até agora não obteve resposta. Dallazen informou que estará reunido com a promotora de Justiça de Constantina, Cláudia Maria Cezar Massing, e que levará este tema também para a pauta.

É importante ressaltar que, de acordo com o PNI, há uma ordem prioritária de vacinação e cada município pode determinar seu cronograma de acordo com a disponibilidade de doses, o que dificulta ainda mais o trabalho.

O Conselho está diariamente em reuniões com gestores e secretários municipais para garantir a vacinação de médicos veterinários em todo o Estado, mas diante de 497 cidades, apesar de muitas já terem realizado a imunização, o processo exige calma e paciência.

Para elucidar, a presidente citou alguns exemplos, como inspeção e fiscalização sanitárias, que evitam a transmissão de doenças dos animais para o homem através do consumo de alimentos de origem animal. O controle de zoonoses, que são doenças de animais transmissíveis aos homens, também é tarefa desses profissionais - e elas podem ocorrer até mesmo no convívio com animais de estimação, atendidos em clínicas veterinárias.

Imagem: Juliane Soska/ALRS