O CRMV-RS entrou em contato com o jornalista Paulo Germano para solicitar um espaço de esclarecimento sobre a vacinação de médicos veterinário contra a Covid-19. Em sua coluna “Para receber vacina, profissionais de saúde precisarão declarar que atendem presencialmente”, publicada nesta segunda-feira (15/3), Paulo Germano aborda a polêmica que envolve a imunização das diferentes categorias de profissionais de saúde.
Confira a resposta na íntegra:
Prezado Paulo Germano!
A tua coluna “Para receber vacina, profissionais de saúde precisarão declarar que atendem presencialmente” trouxe à tona um assunto muito importante: a atuação dos médicos veterinários como profissionais de saúde Por isso, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS) gostaria de aproveitar a oportunidade para esclarecer a respeito das atividades desenvolvidas por esses profissionais.
O CMRV-RS concorda com a tua colocação, de que quem está na linha de frente do combate à pandemia deve ter prioridade na vacinação. O que entendemos fundamental esclarecer é que há médicos veterinários na linha de frente, uma vez que seu trabalho vai muito além do atendimento clínico de animais de companhia.
O médico veterinário é considerado profissional da saúde desde 1997, de acordo com a Resolução 218/CNS. Também é preciso destacar que, quando iniciou a pandemia, o Ministério da Saúde convocou todos os médicos veterinários a se cadastrarem em um programa e realizarem um curso preparatório para que sejam chamados a atuar na linha de frente caso necessário – que ainda pode ocorrer.
A atuação dos profissionais da Medicina Veterinária protege também a saúde humana e a sustentabilidade ambiental. Ou seja, o médico veterinário é o único profissional habilitado a atuar nas áreas da saúde: animal, humana e ambiental, três pilares indissociáveis que formam o conceito de Saúde Única. Para não ficar apenas no plano das ideias, segue um exemplo de um médico veterinário que está na linha de frente e tem exercido papel fundamental no combate à pandemia.
Estamos falando de Fernando Spilki, professor titular e coordenador do curso de Medicina Veterinária da Universidade Feevale e coordenador da Comissão de Saúde Única do CRMV-RS. Spilki tem sido fonte recorrente da imprensa. Embora tenha transmitido o cargo de presidente da Sociedade Brasileira de Virologia no início deste ano, segue engajado e atuante na força-tarefa para barrar o avanço do novo coronavírus. Spilki é graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS, 2001), Mestre em Ciências Veterinárias pela UFRGS, na área de Virologia Animal (2004) e Doutor em Genética e Biologia Molecular, área de Microbiologia, pela Universidade Estadual de Campinas (2006).
Estamos citando um entre tantos médicos veterinários que fazem parte do grupo de profissionais de Saúde na linha de frente no combate à pandemia. Essa lista inclui também aqueles que:
• Realizam visitas domiciliares para o diagnóstico de risco à saúde na interação entre os seres humanos, os animais e o meio ambiente;
• Trabalham na prevenção, no controle e no diagnóstico situacional de doenças transmissíveis ao homem pelos animais, as zoonoses; é o caso da raiva, leptospirose, brucelose, tuberculose, dengue, febre amarela, para citar algumas delas;
• Atuam na produção e controle de qualidade de alimentos de origem animal;
• São responsáveis pela vigilância sanitária e epidemiológica, tanto em trabalho de campo quanto em pesquisas científicas que garantam a qualidade dos alimentos de origem animal;
• Estão dedicados à produção de vacinas;
• Integram equipes de laboratórios responsáveis pela análise de solo, água e domissanitários – ou seja, saneantes destinados ao uso domiciliar;
Contamos com a tua ajuda para levar essas informações à sociedade e esclarecer o quanto o médico veterinário está presente no dia a dia de todos. Não podemos deixar de valorizar uma profissão tão nobre e tão importante para a humanidade.
Lisandra Dornelles, presidente do CRMV-RS.